“Desenvolver
a Gestão do Design de Moda envolve todo um processo integrado, multidisciplinar
e transversal de várias atividades de design.” (Borja de Mozota, 2002, abud:
Rech, 2013).
“Possibilita gerir condições favoráveis para a diferenciação entre empresas concorrentes, desde a criação do produto de moda, passando pelas etapas de confecção, acabamento e finalizando na relação diária produto-usuário (Rech,2013).”
Nunca se falou tanto na Gestão Criativa e no Papel do
Gestor de Moda no segmento de vestuário no meio da moda mundial.
Exemplos da eficiência do papel desse gestor para
diferencial na marca não faltam: Marc Jacobs com a Louis Vuitton, Tom Ford
(como pioneiro no cargo de Diretor Criativo) resgatando a Gucci do esquecimento
e Francisco Costa modernizando a Calvin Klein.
No Brasil novos cursos de Gestão em Design de Moda e Design de Moda são criados constantemente em níveis de graduação e
pós-graduação. Cursos rápidos de aperfeiçoamento em modelagem, desenho de moda,
pesquisa de mercado e costura também são priorizados assim como cursos técnicos
voltados para o segmento de moda.
FAAP, SENAC, USP, Belas Artes, para citar algumas faculdades
e universidade somente na cidade de São Paulo, oferecem cursos nas mais
diferentes áreas do segmento de moda, indo, contrariamente, ao encontro das
entidades e empresários do segmento que pregam que as instituições de ensino
não oferecem cursos nas áreas de formação que o mercado realmente precisa.
Nesse sentido, percebemos que a educação se modernizou
antes dos empresários do segmento.
Hoje no Brasil, ainda sob essa visão superficial,
existe a percepção de que mesmo a carreira de estilista não é totalmente
estabelecida no país ou que esses, estilistas/designers, não cumprem o papel
para o qual o cargo determina.
Conforme o site de emprego Catho, o cargo de estilista
tem a seguinte definição e atribuições:
“Os estilistas são aqueles que ditam moda e
criam coleções de roupas e acessórios, exercendo forte influência sobre a
maneira como as pessoas se vestem. O estilista pode trabalhar no desenho
têxtil, desenvolver acessórios, supervisionar o desenvolvimento de novos
produtos, pesquisar o mercado, elaborar estratégias de venda, montar e projetar
vitrines e estandes, assessorar lojas na compra de mercadorias, associando a
necessidade do cliente a do lojista.).”
A partir dessa definição, poderíamos afirmar que estilistas
brasileiros são mais interpretadores e adaptadores de tendências de passarelas
internacionais, em sua maioria, do que realmente criadores de moda?
Sendo a afirmação uma verdade, seria comportamento
dessa classe criativa de exigência de seus empregadores e clientes diretos (as
empresas), que são pressionados constantemente pelo mercado do fast fashion?
Fato é que no setor confeccionista nacional há predominância de pequenas empresas.:
“(...) a formação da indústria de vestuário se deu
pelo crescimento dos pequenos ateliês de costura, das alfaiatarias e da
iniciativa de imigrantes que se estabeleceram no ramo. (...) Explica o grande
número de empresas familiares e de capital fechado (...)”(Costa, Berman e
Habib, 2000).
Mesmo com esse perfil de mercado, de pequenas empresas
familiares, muitas confecções e indústrias se atualizaram tecnologicamente,
modernizando máquinas, métodos e processos de produção, mas foram na contra mão
das atuais teorias de gestão de design
do produto como ferramenta e diferencial estratégico.
O processo criativo e sua gestão realmente não acompanharam
a evolução tecnológica e, ao contrário do que se afirma, as dificuldades políticas
e tributárias não foram os únicos determinantes para o não desenvolvimento
dessa área no setor de vestuário.
Historicamente não é mérito dos políticos
atuais intervirem negativamente na indústria.
Em 1781 a rainha D.Maria I, através
de um Alvará real, proibiu a fabricação de tecido no Brasil então Colônia
Portuguesa, determinando que fossem quebrados teares e demais equipamentos envolvidos
no processo produtivo têxtil atrasando em décadas o desenvolvimento da
indústria têxtil brasileira, tornando o Brasil consumidor e dependente de
produtos importados (Chataignier, 2010).
(Decreto)
Temos então a economia, tanto interna quanto
externa, que não favorece o setor, o mercado invadido por produtos chineses sem
qualidade, baratos e produzidos por mão-de-obra quase escrava, a falta de
criatividade do designer de moda
brasileiro, talvez sufocado por uma visão obsoleta de mercado de seus gestores,
e na ponta o consumidor que se vê cada vez mais limitado e sem opção de compra
para produtos internos, importando seus “sonhos” de modelos americanos de
consumo, em uma realidade divergente do consumidor e do mercado americano.
A gestão do design de moda ajuda não somente a promover a
marca e atender o público alvo, como interfere positivamente em todas as etapas
do processo produtivo, antecipando gargalos de produção, ajudando a resolver
problemas que possam acontecer, com uma postura proativa e de gestão de
qualidade.
Trabalhando nesse contexto, muito do que é resolvido
no momento da produção produto, já virá antecipado e solucionado em uma gestão
de design, fazendo com os processos
de produção seguintes ao da criação, fluam com agilidade e eficiência, levando
a menos perda de matéria prima e eficiência na administração do tempo. Além,
claro, no ganho em qualidade e originalidade no produto final, atendendo com
isso um público, tanto interno quanto externo, cada vez mais interessado e
informado em relação à moda.
(trechos da justificativa do trabalho de mestrado em Moda e Têxtil)
(trechos da justificativa do trabalho de mestrado em Moda e Têxtil)
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